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quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Dica para uso de calculadoras científicas CASIO
Você, professor ou aluno, já deve ter percebido que, apesar de ser uma excelente calculadora, é muito fácil cometer erros quando fazendo contas nas calculadoras científicas mais comuns do mercado: as CASIO.
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Boas aulas a todos!
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domingo, 8 de novembro de 2015
Como se tornar um bom (ou melhor) professor?
Adaptada de: http://qualitycustomessays.com/blog/form-good-relations-professor/ |
A pergunta que faz o papel de título deste post, é
certamente uma daquelas questões que todo professor já se perguntou à exaustão.
Com o passar do tempo, e com a rotina comumente atribulada e intensa, nos acostumamos
a não encontrar uma resposta objetiva a esta inquietação. Mas e se houvesse uma
resposta a esta pergunta?
Durante uma das minhas pesquisas, na saga por
encontrar bons livros sobre ensino, me deparei com um livro em pdf (e
gratuito), escrito por Phillip Wankat e Frank Oreovicz*, chamado “Teaching
Engineering” (do Inglês, Ensinando Engenharia). O livro é escrito em Inglês, e
pode ser encontrado no endereço: https://engineering.purdue.edu/ChE/AboutUs/Publications/TeachingEng/Book.pdf
.
Apesar do nome, diretamente ligado à aplicação de
técnicas de ensino em cursos de engenharia, o livro aborda muitos assuntos e
técnicas que são diretamente adaptáveis ou transponíveis à grande maioria dos
cursos e níveis de ensino. Por isso, acredito que você encontrará muitas
futuras referências a este livro aqui neste blog.
Logo nas primeiras páginas, os autores propõem a
discussão que deu origem ao texto de hoje: o que é necessário fazer para se
tornar um bom professor?
Todos nós sabemos que esta pergunta não tem uma
resposta única, e muito menos uma resposta certa. Se existisse uma fórmula que
funcionasse para todos os professores, talvez não existisse nenhum curso de
pedagogia. Mesmo assim, nós sabemos, intuitivamente, que algumas coisas podem funcionar
melhor do que outras.
Porém, a chave para a discussão está justamente na
expressão “bom professor”. Como sabemos que (ou se) um professor é bom ou ruim?
Algumas teorias relativamente recentes esclarecem alguns pontos interessantes.
Modelo Bidimensional de Ensino
Uma maneira intuitiva de quantificar a “qualidade”
de um professor é através da avaliação que os alunos fazem sobre este
professor. Neste ponto, um estudo conduzido por Joseph Lowman, em 1985, propõe
que a avaliação dos alunos é fortemente baseada em duas dimensões: o entusiasmo
intelectual e a conexão interpessoal.
O entusiasmo intelectual está relacionado ao
comprometimento do professor com o conhecimento e com a sociedade. Este aspecto
normalmente vai de encontro com o que os professores (pelo menos os de engenharia)
creem ser o mais importante. Ter grande entusiasmo intelectual implica em
aspectos como: organização, clareza de apresentação, material atualizado, e
aspectos de desempenho, como demonstração de energia, entusiasmo e paixão pelo
conteúdo apresentado, clareza de linguagem e pronúncia e capacidade de cativar
os alunos.
Isto vai de encontro também com a minha experiência
pessoal como aluno. Durante a graduação eu costumava dizer aos meus colegas
que, no fim das contas, a importância que eu daria a uma matéria seria a mesma
que o professor daria a ela.
Já a segunda dimensão, a conexão interpessoal, está
relacionada ao comprometimento do professor para com os alunos enquanto seres
humanos. Segundo os autores, esta conexão é desenvolvida quando o professor
demonstra interesse nos alunos como indivíduos. Saber o nome dos alunos (uma
prática que eu já sigo) é um bom começo, mas os autores sugerem também que nós
procuremos saber algo a respeito de cada aluno. Outros aspectos importantes
desta dimensão são:
- Encorajar pensamentos independentes, mesmo que
eles não estejam de acordo com os do professor,
- Estar disponível para consulta tanto dentro
quanto fora de sala de aula.
Note que, muitas vezes, os aspectos de ambas as
dimensões citadas podem ser conflitantes. Mais do que isso, eles podem
interagir. Por isso, Lowman propôs um diagrama, mostrado a seguir, que
demonstra o resultado da interação das duas dimensões na avaliação feita pelos
alunos.
Diagrama original adaptado de Lowman (1985) |
Neste diagrama, é possível relacionar os diferentes
níveis de entusiasmo intelectual e conexão interpessoal que um professor pode
ter, e a provável percepção que os alunos terão deste professor. Além disso, a
possível preferência dos alunos é atribuída através de números de 1 a 9 (sendo
1 o menos preferível e 9 o mais preferível), sendo que estes números são
atribuídos através das diagonais ascendentes da direita para a esquerda.
Wankat e Oreovicz propõem uma expansão a este diagrama,
incluindo uma coluna à esquerda que contempla os professores cujo nível de
conexão pessoal é considerado “castigador”, pois este nível também é observado
com frequência relevante. Assim o diagrama fica da seguinte forma:
Diagrama adaptado de Wankat e Oreovicz (1993) |
A classificação dos níveis de conexão interpessoal
e entusiasmo intelectual se dá então da seguinte forma:
Conexão interpessoal:
- Alta: aberto, acolhedor, previsível e altamente
orientado ao aluno.
- Moderada: relativamente acolhedor, acessível,
democrático e previsível.
- Baixa: frio, distante, controlador e
imprevisível.
- Castigador: ofensivo, sarcástico, desdenhoso,
controlador e imprevisível.
Entusiasmo intelectual:
- Alto: extremamente claro e empolgante
- Moderado: claro e interessante
- Baixo: vago e enfadonho
É interessante notar que, segundo o diagrama, caso
um professor deseje melhorar sua avaliação, é mais eficiente (no sentido de
render mais pontos) melhorar o entusiasmo intelectual do que a conexão
interpessoal.
Vale notar também que um professor de alta conexão
interpessoal e baixo entusiasmo intelectual (posição 4) é menos preferível do
que um de baixa conexão interpessoal e alto entusiasmo intelectual (posição 6).
Porém, é compreensível que um professor de posição 4 tenha um melhor desempenho
em uma sala pequena, com muita participação dos alunos, enquanto que um
professor de nível 6 se sairá melhor em salas de aula com quantidades massivas
de alunos, onde a relação interpessoal é naturalmente pequena.
A impressão dos autores do livro, que é baseada em
uma amostra pouco relevante, estatisticamente, mas com a qual eu concordo, é
que a maior parte professores de engenharia possui um nível moderado de entusiasmo
intelectual, enquanto que a distribuição entre os níveis de conexão
interpessoal parece ser homogênea.
Porém, o mais importante sobre esta classificação é
que ela propõe que a grande maioria dos professores, se não todos, é capaz de
melhorar suas habilidades de ensino. Além disso, não se pode valorizar apenas a
posição 9. São muito raros os professores que atingiram este nível. Os
professores das posições 5 em diante já podem ser considerados bons em aspectos
importantes, e a posição 5, em si, é acessível a todos.
Componentes Afetivas do Ensino
Completando a teoria desenvolvida por Lowman e
defendida por Wankat e Oreovicz, Hanna e McGill publicaram um trabalho em 1985
que afirma que alguns aspectos afetivos são mais importantes no aprendizado do
que o método utilizado. Eles listam quatro aspectos que são críticos para um ensino
eficaz, que são:
2) Utilizar orientação centrada no aluno
3) Acreditar que os alunos podem aprender (esta é muito importante!!)
4) Sentir a necessidade de ajudar os alunos a aprender
Note que estes aspectos são contemplados nos
diagramas já apresentados neste texto. É impossível possuir alto nível de
entusiasmo intelectual e não valorizar o aprendizado, ou não sentir a
necessidade de criar um material que realmente auxilie no aprendizado. Já um
alto nível de conexão interpessoal implica em utilizar uma orientação centrada
no aluno, e na crença (inabalável) de que o aluno conseguirá de fato aprender o
conteúdo.
Sobre o nível “castigador” de conexão interpessoal,
os alunos podem aprender o conteúdo temendo o professor (salvo o caso de alunos
imobilizados pelo medo), ou, no caso dos melhores alunos, apesar de terem um
bom desempenho na matéria, podem desenvolver aversão a este conteúdo ou área, o
que é nocivo. A opinião comum aos autores (eu incluso) e à AAUP (Associação
Americana dos Professores Universitários) é que este comportamento é antiprofissional.
A única “justificativa” para a adesão a este nível é o treinamento dos alunos
para profissões onde o ambiente é igualmente castigador, como lutadores,
árbitros esportivos, advogados, entre outros. Mesmo assim, os professores que
deixam de exibir este comportamento têm suas avaliações melhoradas
instantaneamente.
O que funciona: uma compilação de princípios de ensino.
Para encerrar a discussão, Wankat e Oreovicz listam
uma série de excelentes princípios, que, na minha opinião, devem ser buscados
diariamente em nosso ofício. São eles:
- Guie o
aprendiz. Tenha certeza de que o aluno conhece os objetivos. Informe ao
aluno os próximos passos. Forneça organização e estrutura apropriadas ao seu
nível.
- Desenvolva
uma hierarquia estruturada de conteúdo. A organização do material deve ser
clara. Mesmo assim, é necessário dar oportunidade aos alunos de fazer a
estruturação. Os conteúdos devem sempre incluir conceitos, aplicações e solução
de problemas.
- Use
imagens e aprendizado visual. A maioria das pessoas prefere o aprendizado
visual e têm uma melhor retenção quando esta técnica é utilizada. Encoraje os
alunos a desenvolverem seus próprios esquemas visuais.
- Mantenha o
aluno ativo. Os alunos devem sempre estar muito envolvidos com a matéria.
Isto pode ser feito via oral ou escrita.
- Exija a
prática. Aprender conceitos, tarefas e solução de problemas difíceis requer
a oportunidade de treinamento em ambiente não ameaçador. A repetição ajuda no
ganho de velocidade e precisão nestas tarefas.
- Forneça um
parecer. O parecer deve ser imediato, e de toda forma possível positivo. A
recompensa funciona muito melhor do que a punição. Além disso, os alunos
precisam de uma segunda chance para praticar depois do parecer, para que possam
se beneficiar desta prática.
- Tenha
expectativas positivas com relação aos alunos. Quando o aluno sente que a
expectativa do professor é positiva e o professor o respeita, ele se sente
altamente motivado. Baixa expectativa e desrespeito, por outro lado, são
desmotivadores. Isto é um princípio, e não um método. Um mestre completo realmente
acredita que seus alunos são capazes de alcançar coisas grandiosas.
- Forneça
meios para que os alunos sejam desafiados E bem-sucedidos. Tenha certeza de
que os alunos possuem a base necessária. Forneça tarefas e tempo suficiente
para que todos consigam realiza-las, sentindo-se desafiados. O sucesso é muito
motivador.
- Individualize
o estilo de ensino. Utilize uma grande variedade de estilos e exemplos de
forma que cada aluno possa utilizar seu estilo favorito e ao mesmo tempo
torne-se proficiente em todos os estilos.
- Torne a
turma cooperativa. Utilize exercícios cooperativos. Não dê notas utilizando
um critério comparativo, mas sim um critério absoluto.
- Faça
perguntas intelectualmente provocantes. Estas questões não precisam ter
respostas, mas devem fazer com que os alunos sejam estimulados a pensar. Isto
se mostra particularmente motivador para alunos maduros.
- Demonstre
entusiasmo e prazer em ensinar e aprender. O entusiasmo é motivador e ajuda
os alunos a desfrutar das aulas.
- Encoraje
os alunos a ensinar outros alunos. Alunos que ensinam seus semelhantes
aprendem mais do que os alunos a quem eles ensinam. Além disso, eles
desenvolvem um sentimento de satisfação e segurança em suas habilidades.
- Preocupe-se
com o que você faz. Professores que ensinam no “automático” não farão um
trabalho de destaque.
- Separe, se
possível, ensino de avaliação. Se uma pessoa diferente do professor aplica
a avaliação, o professor torna-se um tutor e aliado cujo objetivo é ajudar o
aluno a aprender.
Como isso tudo se aplica a mim?
Se você, como professor, se preocupa com seu
trabalho e deseja melhorar seu desempenho, isto em si já é algo grandioso.
Neste texto há muitos conceitos que, além de nos auxiliar na compreensão de
nossas escolhas e estilos de ensino, podem nos ajudar a ensinar melhor. Porém,
se você discorda de alguns conceitos, ou acha outros impraticáveis, isto não
desqualifica seu trabalho.
O que eu recomendo, e até o que faço, é escolher um
conceito com o qual você se identifica mais e tentar incorpora-lo ao seu
método, sempre de maneira positiva e acreditando que funcionará. Treine, se esforce
e invista seu tempo em se aperfeiçoar neste novo conceito até que ele se incorpore
às suas práticas. Depois disso, avalie os resultados e adapte-se à nova
condição encontrada em sala de aula.
Mas o mais importante: se você for dar qualquer
passo, dê-o com convicção. Os alunos percebem facilmente a insegurança do
professor, e isso pode fazer com que, por melhor que seja, a técnica não
funcione bem.
Bibliografia
Wankat,
P.C. and Oreovicz, F.S. Teaching
engineering. McGraw-Hill, 1993
Hanna, S. J. and McGill, L. T., A nurturing environment and effective teaching. Coll. Teach., 33(4), 177 (1985)
Lowman, J. Mastering the Techniques of Teaching, Jossey-Bass, San Francisco, 1985
Lowman, J. Mastering the Techniques of Teaching, Jossey-Bass, San Francisco, 1985
Notas
* Ambos os autores são professores na Universidade
de Purdue (West Lafayette – Indiana, EUA). Para ser mais preciso, o Prof.
Phillip Wankat ainda é professor, enquanto que o Prof. Frank Oreovicz se
aposentou recentemente. Neste livro, eles se preocuparam em reunir a
experiência de muitos anos de ensino de engenharia, aliados a uma extensa
pesquisa nos mais diversos campos da pedagogia relacionados ao ensino.
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